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Solo protegido, sinônimo de água limpa

Todos nós precisamos de água, seja para matar a sede, cozinhar, para a higiene ou lazer, a água é fundamental em nossas vidas. A Agência Nacional de Águas (ANA) estima que no Brasil 61% da água é aplicada na agropecuária. O restante é dividido entre as áreas urbana (22%) e industrial (17%). O produtor rural depende da água para praticamente tudo que faz, irrigar plantações, dar de beber aos animais e na fabricação de outros produtos. E assim como a indústria e a população urbana, o produtor rural também tem em mãos uma grande responsabilidade: proteger a água e sua qualidade.

A agricultura não apenas influencia a manutenção da disponibilidade dos recursos hídricos, como também impacta diretamente na qualidade da água. Agrotóxicos e fertilizantes quando utilizados de forma incorreta podem contaminar os solos e os lençóis freáticos, além de rios e lagos. Desmatamentos, erosão e assoreamento também alteram o meio ambiente e não ficam limitados ao local de origem. Eles se encadeiam ao atingir toda a bacia hidrográfica, afetando inclusive populações distantes por meio da diminuição da vazão dos córregos e rios e da degradação das águas. Está, portanto, nas mãos dos produtores, uma grande responsabilidade: utilizar os recursos hídricos de forma consciente, mas também utilizar práticas agrícolas que evitam a contaminação da água.

Com o objetivo de sensibilizar produtores sobre o tema e difundir as melhores práticas agrícolas, o Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco) mantém, desde 2001, o Programa Microbacias Hidrográficas. A ação, realizada em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), a Emater e a Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), tem o objetivo de proteger as nascentes e preservar as matas ciliares por meio do correto uso e manejo do solo e dos mananciais hídricos.

A primeira microbacia a fazer parte do programa foi a do Arroio Lajeado Ferreira (afluente do Rio Guaporé), na localidade de Cândido Brum, em Arvorezinha (RS), onde existem ações permanentes junto aos produtores rurais visando manter práticas conservacionistas e monitoramento dos resultados. Desde 2005 há coleta constante de informações sobre fluxos de água, sedimentos geoquímicos e atividade biológica do solo.

O banco de dados criado é objeto de um estudo que agregou a participação de países estrangeiros. Pesquisadores da Alemanha, Bélgica, Brasil e Espanha atuam juntos na pesquisa global chamada “Avaliação do impacto humano nas mudanças do solo e suas consequências no funcionamento do solo”, que têm o objetivo de verificar o impacto das atividades agrícolas sobre o solo e os recursos hídricos.

Segundo o pesquisador e professor da UFSM e coordenador do programa Microbacias, Jean Minella, está comprovado que as boas práticas de manejo e conservação do solo apresentam eficiência na manutenção da qualidade da água e o principal avanço percebido com o monitoramento foi a melhoria nas condições hídricas, principalmente das fontes de abastecimento das famílias.

Alguns indicadores revelam claramente o efeito positivo das práticas de conservação de solo na qualidade da água. Durante os anos de coleta de dados diversos avanços foram percebidos pela equipe de estudiosos. “Houve redução da quantidade de fósforo, nitrogênio e coliformes nas águas dos rios e das fontes, redução das vazões máximas e redução da produção de sedimentos (erosão)”, explica Minella.

Para o presidente do SindiTabaco, Iro Schünke, o compromisso do setor é promover a sustentabilidade, reduzindo ao mínimo possível os impactos no meio ambiente. “É importante que o produtor se conscientize que o manejo adequado do solo pode proporcionar melhorias não somente ao meio ambiente e à sociedade como um todo, mas a si mesmo, uma vez que também contribui para uma água mais limpa e um solo mais saudável, bem como maximiza o uso de fertilizantes, aumentando a produtividade agrícola e, consequentemente, sua receita”, ressalta.

Entre as práticas de conservação do solo mais difundidas está o plantio direto e o cultivo mínimo. O plantio direto na palha é o sistema de cultivo mais eficiente na proteção do solo. Consiste em evitar o revolvimento do solo, preservando integramente a palhada dos cultivos de cobertura sobre a sua superfície.  Além do aspecto conservacionista, esta tecnologia propicia redução no uso de combustíveis fósseis, redução na mão de obra e aumento da rentabilidade do produtor através da redução de custos.

No cultivo mínimo, o produtor mobiliza o mínimo possível o solo, protegendo parcialmente a sua superfície com resíduos da cultura anterior ou a biomassa resultante dos cultivos de cobertura, com o objetivo de diminuir os riscos de erosão. Nos últimos anos tem crescido o número de adeptos às práticas e alguns produtores que continuam utilizando o sistema convencional de preparo do solo adotam outras práticas conservacionistas como terraceamento, cultivos de cobertura e plantio em nível, que funcionam como mecanismo de proteção em relação ao escoamento das águas das chuvas, reduzindo a sua velocidade e seu potencial erosivo.

Outra forma de proteger o solo é através da preservação da mata ciliar, localizada no entorno de nascentes e nas margens dos cursos d’água. Além disso, como o tabaco é uma cultura sazonal, permitindo um cultivo sucessivo, as empresas incentivam o plantio de outras culturas, como o milho e o feijão após o tabaco. Esta prática possibilita a redução das populações de pragas e doenças, o reaproveitamento dos resíduos de fertilizantes, constituindo-se em fonte complementar de alimentação e renda das propriedades.

SAIBA MAIS – O Dia Mundial da Água, comemorado em 22 de março, foi criada em 1992 pela Organização das Nações Unidas (ONU) diante da importância da água para vida e da necessidade urgente de manter esse recurso disponível. No mesmo ano, também foi divulgada a Declaração Universal dos Direitos da Água, um documento sobre as sugestões, medidas e informações necessárias para a solução dos problemas do uso da água, considerando-a um bem perecível. Neste ano, o tema escolhido pela UNU para celebrar a data é “Água e Empregos: Investir em Água é Investir em Empregos (Water and Jobs – Investing in water is investing in jobs)”.

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