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Descontentamento e incerteza na hora de vender a safra

Santa Cruz do Sul/RS – A safra de tabaco 2014/15 tem sido de impasses no momento da negociação do produto. Enquanto as entidades representativas dos fumicultores buscam uma tabela única de reajuste junto à indústria, a classificação nas esteiras causa descontentamento a quem produz. Os agricultores reclamam da rigidez por parte das empresas no momento da compra. Insatisfeitos, muitos retornam para as propriedades com o tabaco e torcem por mudanças no mercado para tentar um nova venda. Outras famílias ainda sequer iniciaram os negócios, à espera de novidades.

Em Linha Andrade Neves, no interior de Santa Cruz do Sul, o produtor Celso Fernando Frantz torce para que a alta do dólar altere o cenário comercial. Após uma colocação negativa do tabaco na primeira quinzena de fevereiro, ele a esposa Adriana Heirich estão receosos quanto ao futuro. “Enviei só fumo bom para ter dinheiro para pagar algumas contas e acabei frustrado, pois rebaixaram duas classes do produto”, lamenta. Além disso, delata o clima de apreensão. “Se não mandamos 70% da estimativa produtiva para a empresa, não recebemos insumos para a próxima safra.”

Até o momento, Frantz entregou aproximadamente 25% da colheita de 400 arrobas. “Estamos segurando a produção, mas com o passar do tempo vamos ficando sem saída”, explica. Atualmente o casal de agricultores planta para duas fumageiras e torce por uma boa remuneração para quitar investimentos na propriedade, como a parcela do trator usado para o trabalho. “Conseguimos média de apenas R$ 100,00 por arroba, a mesma de quatro anos atrás.” Nas redondezas, revela que os vizinhos também estão insatisfeitos, com exceção dos integrados às empresas que assinaram o protocolo da safra.

Celso e Adriana esperam que alta do dólar contribua para valorização do produto na hora da entrega (foto: Rodrigo Assmann/Gazeta do Sul)
Celso e Adriana esperam que alta do dólar contribua para valorização do produto na hora da entrega (foto: Rodrigo Assmann/Gazeta do Sul)

ESTÁ DIFÍCIL

O presidente da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), Benício Albano Werner, destaca que recentemente as entidades representativas dos produtores acompanharam as vendas na indústria e puderam atestar as dificuldades apontadas pelo campo. “A comercialização está muito difícil, com muito rigor na classificação”, enfatiza. A diferença no preço médio do Virgínia em relação ao ano passado também confirma o momento delicado. Na etapa anterior, o valor era de R$ 7,39 o quilo e deveria chegar a R$ 7,86 este ano, mas ainda está aquém dessa cotação

Conforme o dirigente, a alegação da indústria é o excesso de estoque em virtude da baixa exportação em 2014 – quando o setor exportou 151 mil toneladas a menos –, o que estaria influenciando a relação de oferta e procura. “Estamos contrapondo que essa diferença é equiparada pela atual taxa de câmbio favorável e que, portanto, o preço mínimo deveria ser pago”, defende. Na região, até o dia 7 de março, 25% da safra havia sido entregue pelos produtores. Nos três estados do Sul o índice é menor: 18%.

O QUE ESTÁ ACONTECENDO

As tratativas para o reajuste na tabela de preços do tabaco começaram ainda no ano passado entre a indústria e a representação dos produtores no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Em dezembro, as entidades entraram em acordo apenas com a Souza Cruz, após a primeira rodada de negociação. Na oportunidade, foi acertado um acréscimo de 6,4% sobre a tabela de preços do ciclo anterior, elevando o valor referência do tabaco BO1 para R$ 147,15 a arroba – ou R$ 9,81 o quilo. Para o TO2, os valores são de R$ 118,20 a arroba e R$ 7,88 o quilo.

Posteriormente, em meados de janeiro, a Philip Morris ofereceu o mesmo percentual de reajuste e assinou o protocolo da safra. No último mês, foi a vez da CTA, de Venâncio Aires, igualmente se comprometer em pagar o mesmo índice acordado. No entanto, o impasse com as demais empresas continua. No dia 5 de março, após reuniões com a Alliance One, China Brasil Tabaco e Universal Leaf, as negociações não evoluíram.

Segundo a Afubra, as companhias querem reajustar apenas as posições B e T da variedade Virgínia, deixando as demais classes e o Burley de fora. Para o tesoureiro da associação, Marcílio Laurindo Drescher, pelo termo de ajustamento de conduta que foi assinado com o Ministério Público, ao menos o custo de produção deve ser repassado aos produtores. Agora, a comissão de representantes dos fumicultores (Farsul, Faesc, Faep, Fetag, Fetaesc, Fetaep e Afubra) pretende levar o assunto para outros patamares e consultar os departamentos jurídicos das entidades para tomar outras medidas. “É preciso que se alcance uma solução. O objetivo é que todas as empresas cheguem ao percentual de reajuste de 6,4%.”

 

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Michelle Treichel
michelle@gazetadosul.com.br
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