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“Qualidade é tudo”, defende presidente da Amprotabaco

Santa Cruz do Sul/RS – A preocupação com a produção de tabaco de alta qualidade passou a fazer parte da rotina do presidente da Associação dos Municípios Produtores de Tabaco (Amprotabaco), Marcelo Hauagge Distéfano, prefeito de São João do Triunfo, no Paraná. Conforme ele, é enorme a apreensão quanto à comercialização da safra 2014/15, em andamento, diante do cenário da economia no País e no exterior. “Verificamos que os produtores estão tendo bastante dificuldade para negociar as folhas mais finas, da metade de baixo da planta”, salienta.

Menos demandado, esse tabaco concorre, no mercado externo, com produto ofertado em países africanos, onde a produção tem crescido bastante nos últimos anos e essas folhas são encontradas a valores bem mais baixos do que os praticados no Brasil. “Nesse produto da parte baixa da planta não conseguimos competir com eles, pois o nosso sempre estará mais caro”, adverte. “Por que um cliente viria aqui e pagaria mais caro por tabaco inferior se ele encontra esse produto na África bem mais barato?”, considera.

Distéfano diz ter participado de encontros com representantes das indústrias onde estes enfatizam justamente tal ponto: há muito produto de qualidade inferior – que remunera mal e tem baixa procura – disponível no mercado internacional. Por isso, o presidente da Amprotabaco lembra que os protestos de agricultores realizados em algumas regiões do Sul do Brasil de certa forma tendem a ser infrutíferos. “Não adianta querer brigar contra o mercado”, comenta. “Como vai se obrigar alguém a comprar pagando caro por um produto que encontra bem mais barato em outras partes?”

Em entrevista por telefone ao Portal do Tabaco, Distéfano frisou a intenção da entidade de intensificar reuniões, em parceria com outras entidades ou instituições, nas próximas semanas, visando alertar as regiões produtoras acerca da necessidade, cada vez mais urgente, de produzir menos e cuidar melhor da produção. “Precisamos nos especializar de vez em colher produto de alta qualidade, sempre demandado no mercado externo, antes que até mesmo esse tipo de produto apareça, e mais em conta, em outros países”, menciona.

Marcelo Distéfano (à esquerda) e Telmo Kirst, idealizador da Amprotabaco
Marcelo Distéfano (à esquerda) e Telmo Kirst, idealizador da Amprotabaco

QUALIDADE ACIMA DE TUDO

O presidente da Amprotabaco, Marcelo Hauagge Distéfano, lembra que o fumicultor brasileiro é bastante dependente do mercado externo, que absorve 85% de tudo o que é colhido na região Sul do País. Diante disso, é fundamental investir e apostar em boa qualidade para fidelizar e convencer a clientela. “Temos indicativos de que, em muitas circunstâncias, os produtores plantam mais do que a quantidade que contratam junto às empresas. E isso é péssimo, porque fatalmente se volta contra eles próprios”, cita. “Na hora de comercializar, vão ter muito mais volume do que o projetado, e daí se angustiam por não encontrar mercado para o excedente, truncando os próprios negócios”.

Menciona que em alguns casos os produtores fazem contrato com uma empresa para negociar a produção de 40 mil pés, mas no final plantaram 60 mil ou 80 mil. “Se ocorrer de o tabaco não sair de boa qualidade, e isso sempre haverá, pois o mais valorizado é o da metade superior da planta, tende a haver problemas”, afirma. Nesse sentido, cada produtor é responsável direto pela qualidade do seu tabaco: se plantou mais do que podia ou devia, ou descuidou dos tratos culturais, na hora da venda não adianta transferir responsabilidades para outros elos.

Aos 45 anos, natural da própria São João do Triunfo da qual hoje é prefeito, Distéfano conhece de perto a realidade de todas as áreas circunvizinhas, também de Santa Catarina. Sabe que a situação é similar e refere o quanto a cultura é fundamental para a economia dos pequenos municípios. “Hoje, mais de 80% dos nossos 2.013 produtores rurais obtêm sua renda do tabaco”, menciona. A localidade é a que alcança a maior produtividade per capita no País, de aproximadamente 100 mil quilos de folhas por produtor, em média (ou 5.900 quilos por hectare). O tabaco representa em torno de 60% do Produto Interno Bruto (PIB) local.

Romar Beling
romar@editoragazeta.com.br
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