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Monitoramento demonstra avanços na expansão florestal em áreas produtoras de tabaco

Santa Cruz do Sul/RS – Realizado desde 2011 por meio de uma parceria entre o Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco) e a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), o monitoramento por sensoriamento remoto tem consolidado informações relevantes sobre a dinâmica da cobertura florestal de dois blocos gaúchos. Atualmente, a área monitorada totaliza 273.865,14 hectares, em 22 municípios.

O último relatório de monitoramento, apresentado pela equipe do Laboratório de Sensoriamento Remoto da UFSM, trouxe resultados positivos para o setor de tabaco, considerando que em ambos os blocos há o cultivo da cultura. As informações foram obtidas a partir do cruzamento dos mapas de uso de cobertura da terra no período entre 2011 e 2017, quando ficou evidenciada a manutenção da cobertura florestal e o baixo índice de práticas de desmatamento. Segundo o coordenador do projeto, professor Rudiney Soares Pereira, os blocos apresentaram um padrão bastante estável de ocupação da terra no período analisado.

Os dois blocos estão em expansão de floresta, o que nos dá uma garantia de que qualquer intervenção que ocorra nesta área as florestas continuarão preservadas. A expansão está acontecendo e essa é a informação importante; seria preocupante se não estivesse ocorrendo. Além disso, concluímos que as pequenas áreas de desmatamento que foram verificadas são para cultivos de subsistência e não para exploração agrícola”, avalia Pereira.

Ainda segundo ele, o percentual de cobertura florestal dos dois blocos analisados – 43,93% no bloco 1 e 41,42% no bloco 2 –, está bem acima do padrão de 30% recomendado pela Organização das Nações Unidas (ONU). “Se todos os municípios tivessem esse percentual de cobertura florestal, teríamos um bom equilíbrio entre a dinâmica de uso da terra e a preservação das florestas. O resultado é tranquilizador e demonstra que o tabaco não causa reflexos destrutivos”, frisa o professor.

RESULTADOS 2011-2017

  • BLOCO 1 [137.663,50 hectares]

Municípios: Estrela Velha, Salto do Jacuí, Arroio do Tigre, Tunas, Lagoão, Segredo, Passa Sete, Sobradinho, Ibarama, Agudo e Lagoa Bonita do Sul.

Cobertura florestal total: 43,93%

Floresta nativa: +3,29%, de 36,28% (2011) para 39,57% (2017)

Floresta plantada: +0,93%, de 3,43%, (2011) para 4,36% (2017)

Agricultura/descanso/transição: +4,06%, de 42,95% (2011) para 47,01% (2017)

Campo: -8,63% (de 16,04% para 7,41%), redução explicada pela implantação de culturas como soja;

Água: +0,22% (de 0,58% para 0,8%), aumento relacionado aos períodos de chuva.

  • BLOCO 2 [136.201,64 hectares]

Municípios: Júlio de Castilhos, Nova Palma, Pinhal Grande, Dona Francisca, Faxinal do Soturno, Ivorá, Santa Maria, Silveira Martins, São João do Polêsine, Restinga Seca e Agudo.

Cobertura florestal total: 41,42%

Floresta nativa: +4,63%, de 35,59% (2011) para 40,22% (2017)

Floresta plantada: +0,83%, de 0,37%, (2011) para 1,2% (2017)

Agricultura/descanso/transição: +9,52%, de 12,66% (2011) para 37,73% (2017)

Campo: -15,4% (de 29,33% para 13,93%), redução explicada pela implantação de culturas como soja;

Água: +0,38% (de 0,82% para 1,2%), aumento relacionado aos períodos de chuva.

Para o presidente do SindiTabaco, Iro Schünke, os resultados reforçam índices já demonstrados em outras pesquisas. “A média da cobertura florestal nas propriedades onde se planta tabaco na Região Sul do País tem se mantido no patamar aproximado do percentual referido pela ONU, segundo levantamentos da Afubra e da Universidade do Rio Grande do Sul (UFRGS), girando em torno de 27% a 29%, dependendo da safra”, lembra Schünke.

Ainda segundo Schünke, o monitoramento está desmistificando a responsabilidade do setor do tabaco sobre o desmatamento. “A participação da universidade é importante para dar o respaldo das informações de forma idônea e com responsabilidade. Este era um tema sensível para a cadeia produtiva, mas o monitoramento passa a trazer cada vez mais resultados e informações com dados fundamentados, a partir das conclusões dos pesquisadores participantes do projeto, que contrapõe o mito de que o tabaco prejudica o meio-ambiente”, conclui.

Segundo o executivo, a conscientização dos produtores também é um diferencial do setor, que conta com orientação técnica gratuita por meio do Sistema Integrado de Produção de Tabaco. “Temos um trabalho constante de troca de informação no campo e certamente esses resultados são reflexos da parceria entre empresas e produtores”, ressalta. Nesse sentido, além do monitoramento e da conscientização dos produtores, outros compromissos estão sendo rigorosamente cumpridos, como a exigência contratual dos produtores rurais que a produção e a comercialização de tabaco estejam em conformidade com as normas ambientais vigentes; e de não adquirir tabaco oriundo de áreas desflorestadas ilegalmente, bem como tabaco processado em estufas mediante a utilização de lenha oriunda de mata nativa em desacordo com a legislação ambiental.

SAIBA MAIS – O desmatamento das florestas nativas já era motivo de preocupação do setor de tabaco na década de 70, quando começou a incentivar produtores a reflorestar áreas ociosas, tornando-os autossustentáveis em energia utilizada na cura/secagem do tabaco. Em 2011, um acordo inédito para a preservação da Mata Atlântica foi assinado entre o SindiTabaco, a Afubra (Associação dos Fumicultores do Brasil), o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e o Ministério do Meio Ambiente. Naquele ano, áreas começaram a ser monitoradas com o uso da tecnologia da constelação de satélites RapidEye, imagens de alta resolução que permitem a detecção, por exemplo, de um veículo em solo a partir de um satélite que está a 800 quilômetros de altitude.

O sensor utilizado (REIS), com Banda Red Edge, permite discriminar a vegetação, captando alterações em áreas de até 25m², distinguindo inclusive áreas de florestas e campo nativo. Qualquer objeto com dimensões iguais ou superiores a cinco metros quadrados poderá ser identificado pelo monitoramento, ou seja, se alguém suprimir duas árvores de porte em meio a uma floresta, este espaço certamente será detectado nas imagens. O projeto conta com uma equipe técnica formada por diversos pesquisadores e já apresenta resultados. Por meio da criação de um banco de dados georreferenciado foram feitos testes de segmentação e classificação dos conjuntos de imagens digitais, classificando-as como florestas nativas, plantadas, de agricultura, solo exposto (transição/pousio), campo e água.

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