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Cerveja de tabaco é premiada em concurso nacional

Santa Cruz do Sul/RS – A cidade do Sul do Brasil que há décadas é reconhecida como a capital mundial do tabaco está ganhando fama também de terra das cervejas artesanais. Para unir esses dois símbolos locais, o cervejeiro santa-cruzense Gustavo Brixner passou um ano produzindo a receita da primeira cerveja que usa, entre seus ingredientes, folhas de tabaco orgânico. A ideia, que pode até parecer estranha, ganhou os jurados do 10º Concurso Nacional de Cervejas Artesanais e conquistou medalha de bronze em uma das categorias mais disputadas do evento.

Brixner batizou a cerveja com tabaco como Franke Bier Virgínia (Virgínia em alusão à variedade de tabaco mais produzida no Sul do Brasil e usada na cerveja). O prêmio, inesperado, foi o primeiro de sua curta carreira como cervejeiro. “Há quatro anos, participei de uma produção da Heilige e me interessei pelo assunto. Hoje apenas produzo cervejas artesanais em casa, sem o intuito de comercializá-las”, conta. Nessa trajetória, fabricou diversas bebidas. Mas a premiada, em especial, foi o seu maior desafio até hoje. “Passei praticamente um ano só desenvolvendo a receita. Primeiro defini o malte e o lúpulo, mas a parte complicada foi a entrada do fumo.”

Ele explica ter feito um curso técnico em agropecuária como estágio curricular em uma empresa fumageira. Essa experiência o ajudou a definir como usar o fumo na bebida. “Precisava inicialmente de um produto orgânico, livre de agroquímicos, que poderiam trazer características indesejadas à cerveja”, relembra. Nesse caminho, encontrou poucas referências para se basear e quase tudo foi feito a partir de testes caseiros. Mas, no final, a cerveja ficou exatamente da forma que havia imaginado.

Bebida inovadora foi denominada de Franke Bier Virgínia (foto: divulgação)
Bebida inovadora foi denominada de Franke Bier Virgínia (foto: divulgação)

Feliz com o resultado, Brixner resolveu participar pela primeira vez do concurso nacional, realizado entre os dias 4 e 6 de junho em Porto Alegre. “Este é um evento de muita credibilidade, pois segue as diretrizes do órgão mundial do setor com jurados de nível internacional”, conta. Mas ele não esperava voltar de lá com uma medalha, apenas queria receber os relatórios dos jurados e saber como sua produção foi e onde poderia melhorar. “Sabia que era boa, mas não criei muita expectativa, até porque nem sabia muito bem como classificar minha receita para o concurso.”

Ao todo, 700 cervejas de todo o Brasil concorreram em 17 categorias. A sua criação se enquadrou justamente em uma das áreas mais difíceis, a Specialty Beer. “Trata-se da categoria das ideias mais doidas, aquelas em que os cervejeiros experimentam coisas diferentes”, explica. Portanto, foi com muita surpresa e felicidade que ele recebeu a medalha de bronze. A receita, conta, foi criada com o propósito de fazer uma cerveja que fosse complexa, mas que impressionasse, da mesma forma que Santa Cruz impressiona seus visitantes. “Busco, com essa cerveja, homenagear os moradores de Santa Cruz e todas as famílias que trabalham com tabaco, como também as empresas fumageiras que geram milhares de empregos para a cidade.”

SAIBA MAIS

A Franke Bier Virgínia é uma cerveja de alta fermentação, forte, com 8,5% de álcool, cor negra, espuma de média formação e consistente. Foi maturada em carvalho francês durante 40 dias. Para ter a “cara” de Santa Cruz do Sul foram utilizadas na receita folhas de tabaco orgânico da variedade Virgínia, de um produtor local.

Rodrigo Kämpf
rodrigokampf@gazetadosul.com.br
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