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Philip Morris reforça campanha por alternativas aos cigarros

Texto: Pedro Garcia, Jornal Gazeta do Sul

Quatro meses após anunciar que deixaria de vender cigarros no Reino Unido, a Philip Morris International (PMI), uma das gigantes do setor de tabaco, faz um novo movimento na direção de substituir gradativamente os produtos fumígenos convencionais por dispositivos eletrônicos. Em uma ação global, a empresa publica hoje um comunicado em jornais de várias partes do mundo que defende os chamados “produtos de risco reduzido”, incluindo cigarros eletrônicos e produtos de tabaco aquecido, como alternativas para os fumantes.

A escolha da data não foi por acaso: 31 de maio é celebrado desde 1988 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como o Dia Mundial Sem Tabaco. A PMI, no entanto, quer marcar essa data como “Dia Mundial Sem Fumaça”. A estratégia é aproveitar o momento e chamar a atenção pública para produtos desenvolvidos nos últimos anos pelas principais companhias de tabaco do planeta e que ainda não são regulamentados em vários países.

O argumento utilizado pela Philip Morris é o de que, segundo estudos de instituições e centros de pesquisa independentes, a maior parte do risco à saúde associado ao consumo de cigarros é decorrente da combustão do tabaco. Os novos produtos têm como diferencial justamente a eliminação da queima e da fumaça, o que faria deles até 95% menos prejudiciais e, portanto, uma opção mais segura para pessoas que não têm intenção de deixar de fumar. De acordo com a própria OMS, ainda em 2025 haverá mais de 1 bilhão de fumantes no mundo.

Segundo o CEO da PMI, André Calantzopoulos, o que a empresa está reivindicando junto a governos e autoridades em nível mundial é “uma política que informe sobre essas novas possibilidades”, em paralelo às ações de prevenção e redução do tabagismo. A alegação é de que os produtos podem ter um impacto positivo significativo na saúde pública. “As pessoas que fumam merecem informações que levem em conta as melhores alternativas aos cigarros. De nossa parte, estamos determinados a oferecer um futuro livre de fumaça”, observou.

Embora outras multinacionais do setor, como a British American Tobaccos (BAT) e a Japan Tobacco International (JIT), também apostem em produtos alternativos, a PMI é a que vem se movimentando de forma mais agressiva. Segundo a empresa, mais de US$ 4,5 bilhões já foram investidos em um portfólio de itens que não geram fumaça. O carro-chefe é o IQOS, produto de tabaco aquecido, lançado em 2014 no Japão e que encerrou 2017 com presença em 30 países dos cinco continentes. De acordo com a empresa, 5 milhões de pessoas já trocaram o cigarro pelo IQOS.

O CONTEXTO

  • 6,3 bilhões de cigarros foram consumidos no mundo em 2000
  • 5,7 bilhões de cigarros foram consumidos no mundo em 2012
  • 1,3 bilhão é o número de fumantes no mundo atualmente
  • 18,2 milhões é o número de fumantes no Brasil hoje

*Fontes: ITGA e OMS

No Brasil, regulamentação ainda é incerta

O Brasil é um dos países onde dispositivos eletrônicos de tabaco não são regulamentados. Os produtos estão proibidos desde 2009 por uma resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Em abril, a Anvisa promoveu um painel sobre o assunto que reuniu pesquisadores, empresas e entidades. O evento é considerado um marco na discussão.

Segundo o diretor de assuntos corporativos da PMI, Fernando Vieira, ao postergar essa discussão, a agência acaba por proteger o cigarro tradicional. “A política pública que promoveu o sucesso no controle de tabaco das últimas décadas não é a mesma que permitirá ao Brasil continuar avançando nesse caminho”, alegou. O Brasil tem cerca de 18 milhões de fumantes.

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