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Geada e frio causaram muitos estragos no tabaco

Por: Romar Beling, Jornal Gazeta do Sul

Santa Cruz do Sul/RS – Depois do calor fora de época em pleno inverno, o frio que chegou nos últimos dias foi igualmente incomum, registrando temperaturas abaixo de zero em várias localidades do Sul do Brasil. E as fortes geadas acabaram surpreendendo de tal forma os produtores rurais que muitos tiveram contratempos com as mudas nos canteiros, enquanto outros, mais do que isso, perderam o tabaco que já estava na lavoura.

A Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra) ainda não tinha recebido nessa segunda um painel mais efetivo dos estragos nas diversas regiões em que a cultura está presente. Mas o secretário da entidade, Romeu Schneider, também presidente da Câmara Setorial da Cadeia do Tabaco junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, confirmou na noite dessa segunda-feira que em muitas propriedades o frio intenso causou estragos.

Os danos ao tabaco transplantado para a lavoura de certo modo estão diretamente associados às temperaturas altas que haviam sido registradas nas últimas semanas. Os produtores da toda a região mais tradicional de cultivo do tabaco no Estado, que engloba o Vale do Rio Pardo, haviam feito a semeadura na época convencional. Mas o calor estimulou muito rapidamente o crescimento das mudas. Mesmo que os agricultores tivessem feito várias podas, as plantinhas cresceram rápido, e as famílias não tiveram outra alternativa a não ser transplantá-las. Só não contavam com geadas tão fortes e frio tão intenso, que queimaram tanto as mudas nas bandejas (elas ficam sobre uma lâmina de água, que também congelou) quanto as plantas já na lavoura.

O produtor e comunicador Giovane Luiz Weber, que assina a coluna “Por Dentro da Safra” (à direita, nesta página), recebeu diversos relatos de produtores que tiveram muitas perdas. Elas ocorreram desde a região de Canguçu e São Lourenço, no Sul até os arredores de Foz do Iguaçu, no Paraná, onde plantações de Burley foram atingidas.

Conforme Schneider, da Afubra, o seguro que a entidade oferece não cobre plantações destruídas ou afetadas por geada. As lavouras ficam cobertas contra granizo ou tufão, mas não contra frio intenso. Até porque esse acaba atingindo lavouras que, a princípio, foram plantadas muito cedo, fora da época recomendada. No Vale do Rio Pardo, a orientação é para que o transplante comece a ser feito a partir de 15 de julho, para evitar a chegada das mudas às lavouras ainda no auge do inverno.

Para quem teve perdas com as mudas nos canteiros, eventualmente a solução seria fazer nova semeadura. No entanto, isso implica em atraso forte no plantio. O ciclo do tabaco ocorre em épocas bem diversas no Sul do País. Enquanto na região tradicional do Vale do Rio Pardo e do Jacuí Centro o transplante será feito nas próximas semanas, no litoral de Santa Catarina produtores já fizeram duas ou três colheitas em suas lavouras.

Produtores fazem mudas para vender

Muitos produtores de tabaco que tiveram perdas em seus canteiros ou nas mudas já transplantadas para a lavoura terão como alternativa fazer nova semeadura, ou, em alguns casos, adquirir mudas de produtores que se especializaram nesse mercado. É o caso do agricultor Robisom Miori, de Bela Vista, a dois quilômetros da sede de Chuvisca, na região Sul do Estado.

Atualmente, está com cerca de 80 mil mudas prontas, das quais foram feitas três podas. Metade delas deve entregar nos próximos dias a um cliente na região, enquanto o restante estará disponível para negócio. A princípio, vende elas a R$ 75,00 pelo milheiro de mudas padronizadas, cujo aproveitamento na lavoura calcula em 98%. Por telefone, diz que até teria condições de atender a encomendas a mais, mas teria de combinar com os interessados a época de entrega.

A sua família pretende plantar 60 mil pés nesta safra, e ele só fará o transplante mais adiante. “Não temos por aqui o hábito de plantar muito cedo, justamente para evitar o frio”, cita. Segundo ele, na região poucos haviam feito o transplante até agora, mas alguns vizinhos tiveram problemas com as mudas nos canteiros. “Não sei se se descuidaram, mas ao menos um produtor por aqui registrou danos também”, frisa. No Vale do Rio Pardo, o agricultor Luís Kusler, de Venâncio Aires, igualmente se especializou em fornecer mudas para outros produtores de tabaco.

HORTIGRANJEIROS

E não foi apenas o tabaco que sofreu com o frio intenso e com as geadas fortes dos últimos dias. A produção de hortigranjeiros, em especial de folhosas, mais suscetíveis às baixas temperaturas, e ainda de algumas frutas, como banana e mamão, deverá sofrer forte quebra. Em paralelo, as pastagens ressecadas comprometem a alimentação do gado de corte e de leite.

Culturas como alface, couve, repolho, beterraba, brócolis, cenoura e pimentão, entre outras, sofreram estragos, e tendem a estar em falta nos mercados. Além da quebra de produção, a qualidade foi afetada. Diante da redução na oferta, os consumidores podem se programar para um possível aumento no custo, isso quando houver disponibilidade.

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