ESTUDO DO TRAÇADO DA NORTE-SUL IGNORA SETOR FUMAGEIRO
|Santa Cruz do Sul/RS – A conclusão do estudo de viabilidade técnica, econômica e ambiental da Ferrovia Norte-Sul que envolve os 833 quilômetros entre Chapecó (SC) e Rio Grande (RS) foi apresentado durante a semana, em Brasília, mas desagradou parlamentares da região do tabaco no Rio Grande do Sul.
Além do trajeto deixar Santa Cruz do Sul e arredores de fora, a reclamação é que o estudo não considera a cadeia produtiva do tabaco, base da economia regional, e também a produção de erva-mate e a criação de frango, de suínos e outras atividades desenvolvidas nos vales do Rio Pardo e Taquari. “Eles simplesmente esqueceram tudo isso. Esse estudo não é sério, é direcionado. Não usaram critérios da realidade”, critica o deputado federal Sérgio Moraes (PTB).
No estudo foram levadas em conta culturas como soja, milho, arroz e trigo. O deputado federal Heitor Schuch (PSB) também discorda do levantamento. “A Valec não está trabalhando esse assunto com a seriedade que precisa. O traçado pronto não tem fundamentação. Não leva em consideração a questão econômica”, afirma, lembrando que a região exporta produtos agrícolas, em especial o tabaco. No próximo dia 21, um evento que deve ocorrer na Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), em Porto Alegre, vai tratar do tema e contemplar a apresentação do projeto.
Embora o estudo esteja concluído, há esperanças de que a união de esforços políticos e de entidades possa reverter a situação. “Acho que agora vai valer a organização, a força política para fazer essa questão avançar”, explica Schuch. Na opinião do deputado Sérgio Moraes, o ideal seria que o traçado passasse pelo interior de Rio Pardo, em João Maura, onde já há trilhos, e seguisse para Santa Cruz.
SAIBA MAIS
> O diretor-presidente interino da Valec, responsável pelo projeto da Ferrovia Norte-Sul, Mário Rodrigues Júnior, e a secretária executiva do Ministério dos Transportes, Natália Marcassa de Souza, apresentaram o estudo de viabilidade técnica na quarta-feira, em Brasília. O governador José Ivo Sartori (PMDB), a deputada estadual Zilá Breitenbach (PSDB), coordenadora da Frente Parlamentar Gaúcha em Defesa da Ferrovia Norte-Sul, e deputados federais, entre eles Sérgio Moraes, acompanharam o evento.
> Com o traçado concluído, a expectativa é que o projeto saia do papel e se busquem empresas interessadas. Outra pretensão é fazer com que a obra seja incluída no Programa de Investimentos e Logística (PIL), segundo informações divulgadas pela deputada Zilá no site da Assembleia Legislativa. Conforme o Ministério dos Transportes, o trecho sul da Norte-Sul ficou fora da primeira versão do plano de concessões porque o estudo de viabilidade ainda não havia sido concluído.
> No mapa divulgado no site da Valec, o trecho da Ferrovia NorteSul, depois de passar por Panorama (SP) e Chapecó (SC), entra no Rio Grande do Sul por Frederico Westphalen, passando por Cruz Alta, Santa Maria, Cachoeira do Sul, Encruzilhada do Sul e segue para a região Sul do Estado, em Pelotas e no Porto de Rio Grande. Contatada, a assessoria de imprensa da Valec não divulgou a lista de municípios gaúchos beneficiados pelo trajeto. O custo dos serviços do trecho entre Chapecó (SC) e Rio Grande (RS) soma R$ 8,7 milhões.
Marília Gehrkemariliagehrke@gazetadosul.com.br
Cabe lembrar que o peso (em toneladas) do Tabaco/fumo do estado do RS corresponde apenas a 3% do total da produção dos demais produtos do Estado. A Ferrovia tem como princípio buscar as maiores cargas que possuam grandes volumes/pesos. O maior erro seria passar com o eixo ferroviário da FNS na região do Tabaco/Fumo, onde deixaríamos de atender a uma das regiões de produções de grãos do país, tornando o custo de frete menos competitivo perante demais regiões atendidas por ferrovias no Brasil.
Lamentável ter comentários supérfluo e isento de conhecimento do assunto.
As pessoas tem que pensar no contexto geral do Estado/País e não no interesse único e regional.
Isso se resolve com ramais ferroviários ligados ao Eixo principal da ferrovia, como é o caso da FNS.