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Produtores e indústrias retomam negociações do preço do tabaco

Santa Cruz do Sul/RS – Com a comercialização da safra 2014/15 já em andamento, prosseguem as negociações em torno do preço a ser praticado na temporada. A representação dos produtores – Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra) e federações da Agricultura e dos Trabalhadores na Agricultura dos três Estados do Sul – terão encontros com diretorias de mais algumas empresas a partir desta quinta-feira numa tentativa de obter delas adesão ao protocolo que prevê reajuste linear de 6,4% sobre a tabela da safra passada, já firmado com três companhias. As reuniões serão realizadas na sede da Afubra, em Santa Cruz do Sul.

Conforme o secretário da Afubra, Romeu Schneider, também presidente da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Tabaco, instância vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a expectativa das entidades é ampliar o número de empresas que se comprometerão a aplicar o reajuste na tabela de preços. Até o momento, apenas Souza Cruz, Philip Morris e CTA assinaram o protocolo. Com isso, promoveram aumento de 6,4%, acertado nas negociações, sobre a totalidade das classes, tanto no produto da variedade Virgínia (secado em estufas) quando no Burley (secado em galpões).

No caso das empresas que ainda não firmaram protocolo, Schneider salienta que, por ora, algumas estão, por conta própria, praticando o reajuste de 6,4%, mas não de forma linear, isto é, em todas as classes. “Elas estão repassando o aumento apenas para algumas classes, as que envolvem tabaco do meio da planta para cima”, menciona, advertindo que se trata, no caso, das classes que costumam ter maior procura no mercado. “Nas demais classes, pelo que se constata, estão praticando a mesma tabela de 2014, ou seja, sem qualquer aumento”.

Souza Cruz é uma das empresas que já fechou acordo do preço (foto: divulgação)
Souza Cruz é uma das empresas que já fechou acordo do preço (foto: divulgação)

E O BURLEY?

A situação é mais delicada no caso do Burley, de acordo com Romeu Schneider. “Para essa variedade, as firmas não estão aplicando qualquer aumento, adquirindo a produção com base tão somente na tabela de preços do ano passado”, observa. Enfatiza que a comercialização do Burley vem ocorrendo de maneira bastante truncada. A própria qualidade do produto tem deixado a desejar, em virtude do excesso de chuvas ao longo do verão, e se mostra inferior, por exemplo, ao produto oferecido por países africanos, concorrentes diretos do Brasil. Como se não bastasse, o Burley da África tem chegado ao mercado internacional mais barato do que o brasileiro.

NOVO CENÁRIO

A representação dos produtores mostra-se apreensiva igualmente com os indicativos de safra de tabaco maior do que o previsto. Anteriormente, já havia sinalização de que a colheita, em volume, poderia vir a ser maior do que as estimativas iniciais. Agora, já há indícios fortes de que talvez ela venha a ser maior inclusive do que a da safra 2013/14, isso quando toda a orientação era para que se buscasse redução em volume. Como ainda há estoque remanescente da temporada passada nas empresas, o aumento inesperado de oferta tende a truncar ainda mais a comercialização. Esse incremento, ao que se percebe, advém em parte de um incremento de produtividade, com o verão mais chuvoso, mas também de muitos produtores que plantaram acima do previsto ou estimado.

Romar Beling
romar@editoragazeta.com.br
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